Infância não é carreira e filho não é troféu!
Nesse mundo contemporâneo, ter, ser, saber,
parecem fazer parte de uma competição. Nesse mundo, alguns pais e
algumas mães acabam acreditando que é preciso que seus filhos saibam
sempre mais que os filhos de outros. E isso sim seria então sinal de adequação e o mais importante: de sucesso.
O que uma criança deve saber aos 4 anos de idade?
Essa foi a pergunta feita por uma mãe, em um fórum de discussão sobre
educação de filhos, preocupada em saber se seu filho sabia o suficiente
para a sua idade.
Segundo Alicia Bayer, no artigo publicado em
um conhecido portal de notícias americano – The Huffngton Post -, o que
não só a entristeceu mas também a irritou foram as respostas, pois ao
invés de ajudarem a diminuir a angústia dessa mãe, outras mães indicavam
o que seus filhos faziam, numa clara expressão de competição para ver
quem tinha o filho que sabia mais coisas com 4 anos. Só algumas poucas
indicavam que cada criança possuía um ritmo próprio e que não precisava
se preocupar.
Para contrapor às listas indicadas pelas mães, em
que constavam itens como: saber o nome dos planetas, escrever o nome e
sobrenome, saber contar até 100, Bayer organizou uma lista bem mais
interessante para que pais e mães considerem que uma criança deve saber.
Veja alguns exemplos abaixo:
Deve saber que a querem por completo, incondicionalmente e em todos os momentos.
Deve saber que está segura e deve saber como manter-se a salvo em
lugares públicos, com outras pessoas e em distintas situações.
Deve saber seus direitos e que sua família sempre a apoiará.
Deve saber rir, fazer-se de boba, ser vilão e utilizar sua imaginação.
Deve saber que nunca acontecerá nada se pintar o céu de laranja ou desenhar gatos com seis patas.
Deve saber que o mundo é mágico e ela também.
Deve saber que é fantástica, inteligente, criativa, compassiva e maravilhosa.
Deve saber que passar o dia ao ar livre fazendo colares de flores,
bolos de barro e casinhas de contos de fadas é tão importante como
praticar fonética. Melhor dizendo, muito mais importante.
E ainda acrescenta uma lista que considera mais importante. A lista do que os pais devem saber:
Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu
próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá
andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.
Que o fator
de maior impacto no bom desempenho escolar e boas notas no futuro é que
se leia às crianças desde pequenas. Sem tecnologias modernas, nem
creches elegantes, nem jogos e computadores chamativos, se não que a mãe
ou o pai dediquem um tempo a cada dia ou a cada noite (ou ambos) para
sentar-se e ler com ela bons livros.
Que ser a criança mais
inteligente ou a mais estudiosa da turma nunca significou ser a mais
feliz. Estamos tão obstinados em garantir a nossos filhos todas as
“oportunidades” que o que estamos dando são vidas com múltiplas
atividades e cheias de tensão como as nossas. Uma das melhores coisas
que podemos oferecer a nossos filhos é uma infância simples e
despreocupada.
Que nossas crianças merecem viver rodeadas de
livros, natureza, materiais artísticos e a liberdade para explorá-los. A
maioria de nós poderia se desfazer de 90% dos brinquedos de nossos
filhos e eles nem sentiriam falta.
Que nossos filhos necessitam
nos ter mais. Vivemos em uma época em que as revistas para pais
recomendam que tratemos de dedicar 10 minutos diários a cada filho e
prever um sábado ao mês dedicado à família. Que horror! Nossos filhos
necessitam do Nintendo, dos computadores, das atividades extraescolares,
das aulas de balé, do grupo para jogar futebol muito menos do que
necessitam de nós. Necessitam de pais que se sentem para escutar seus
relatos do que fizeram durante o dia, de mães que se sentem e façam
trabalhos manuais com eles. Necessitam que passeiem com eles nas noites
de primavera sem se importar que se ande a 150 metros por hora. Têm
direito a ajudar-nos a fazer o jantar mesmo que tardemos o dobro de
tempo e tenhamos o dobro de trabalho. Têm o direito de saber que para
nós são uma prioridade e que nos encanta verdadeiramente estar com eles.
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