quarta-feira, 18 de julho de 2012

Autismo. Conhecendo melhor esta condição.

O que é autismo?
O autismo parece ser uma disfunção cerebral que se reflete no desenvolvimento global e que afeta a capacidade de comunicação, a socialização e o comportamento adequado ao ambiente.
Algumas crianças autistas apresentam inteligência e fala normais, mas outras apresentam problemas no desenvolvimento dessas áreas. Alguns parecem isolados e distantes e outros parecem presos a padrões de comportamento rígidos e restritos. Se, por exemplo, uma criança autista fica isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é necessariamente porque ela não está interessada nessas brincadeiras, pode ser que ela tenha dificuldade de manter uma conversação.
Quando adultos, os problemas de comunicação e socialização dos autistas causam frequentes dificuldades em várias áreas da vida e eles precisam de encorajamento e apoio na sua luta por uma vida independente.
Um mito comum consiste em crer que a pessoa autista tenha um retardo mental ou que apenas saiba poucas palavras. Isto até acontece, mas nem todos os autistas são assim. Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência acima da média.
Quais são as principais características das pessoas autistas?
Nem todos os autistas exibem as mesmas características e nem elas têm a mesma intensidade em todos eles, o que faz com que cada caso seja diferente de outro.
Segundo a Sociedade Americana de Autismo, os indivíduos autistas exibem pelo menos metade das seguintes características:
  1. Dificuldade de relacionamento com outras pessoas.
  2. Riso inapropriado ou imotivado.
  3. Pouco ou nenhum contato visual com as outras pessoas.
  4. Aparente insensibilidade à dor.
  5. Isolamento, modos arredios, solidão.
  6. Brincar de forma inadequada ou bizarra com os objetos.
  7. Fixação inapropriada e esdrúxula em objetos.
  8. Extrema hiperatividade ou inatividade. Problemas de sono.
  9. Falta de reação aos métodos de ensino. Muitos precisam de material adaptado.
  10. Resistências às mudanças de rotina.
  11. Falta de consciência das situações que envolvem perigo.
  12. Poses e comportamentos bizarros.
  13. Ecolalia (repetição de palavras ou frases ouvidas).
  14. Recusa de colo ou afagos. Bebês preferem ficar no chão que no colo.
  15. Age como surdo, não respondendo nem mesmo se chamado pelo próprio nome.
  16. Dificuldade em expressar necessidades pela fala ou por gestos.
  17. Acessos de raiva, sem razão aparente.
  18. Habilidades motoras especiais, por exemplo, não chutar uma bola, mas empilhar blocos.
  19. Hipo ou hipersensibilidade sensorial.
  20. Não mantém nenhuma referência social (adulto, pai, mãe, etc.).
Quais são as causas do autismo?
Não há uma causa única do autismo que, por sua vez, parece não ser também uma entidade única. Cada pessoa tem diferentes características, com diferentes intensidades. O autismo parece obedecer a uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Do lado genético, pode-se mostrar uma grande coincidência da doença em gêmeos (60 a 90% de chance em gêmeos idênticos; aproximadamente 3% em gêmeos não idênticos). Pais que têm um filho autista têm de 2 a 8% de chance de ter outro filho com essa mesma condição (75 vezes maior que na população geral). Além disso, os membros de famílias com crianças autistas estão mais sujeitos a terem outros transtornos neuropsíquicos, como atrasos na linguagem, dificuldades sociais e transtornos mentais.
Do lado ambiental, têm sido associadas ao autismo as infecções virais e a exposição a substâncias como o mercúrio, o chumbo ou o difenilpoliclorinado. Algumas pesquisas apontam a exposição pré-natal a substâncias como talidomida ou o ácido valproico. A vacina tríplice chegou a ser relacionada com o autismo, mas atualmente não se crê nisso, embora a discussão sobre vacinas e autismo ainda continue.
Como diagnosticar o autismo?
O diagnóstico do autismo é eminentemente clínico. Não existem testes, escalas ou marcadores capazes de estabelecer em definitivo o diagnóstico. Algumas características comportamentais do autismo já podem ser notadas aos 12-24 meses de idade, mas tornam-se mais evidentes depois dos três anos.
O diagnóstico preciso deve ser realizado por um profissional qualificado, baseado no comportamento, observação clínica e informações dos familiares. Recomenda-se atentar bem para a história médica pregressa, a história familiar de doenças neurológicas, psiquiátricas ou genéticas, realizar avaliações complementares e investigar a presença de comorbidades. Muitas vezes, o autismo pode ser facilmente confundido com outras síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não haver aspectos sindrômicos específicos.
Exames do nível mental ou de fonoaudiologia podem ser realizados para descartar (ou confirmar) transtornos auditivos ou intelectuais.
Como o autismo deve ser tratado?
Existem diversas abordagens psicológicas e comportamentais, algumas melhor embasadas cientificamente que outras. O tratamento do autismo depende da gravidade do transtorno.
Em crianças pequenas, normalmente a prioridade do tratamento é o desenvolvimento da fala e da interação familiar e social. Com adolescentes, o tratamento é voltado para o desenvolvimento de habilidades sociais e de uma sexualidade saudável. Com adultos, o foco é o desenvolvimento da autonomia e o ensino de regras de convivência.
Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de longevidade normal e algumas formas de autismo podem exigir acompanhamento pelo resto da vida. Na verdade, o autismo nunca desaparece completamente, mas os cuidados adequados podem tornar o indivíduo tão adaptado socialmente que os traços autísticos ficam imperceptíveis para aqueles que não conheçam a trajetória de desenvolvimento desses indivíduos.
Um tratamento adequado deve levar em consideração os transtornos eventualmente associados a cada caso. A terapêutica pressupõe uma equipe multi e interdisciplinar,psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, pedagogo, terapeuta ocupacional. O sucesso do tratamento depende igualmente do empenho e qualificação desses profissionais e dos estímulos feitos pelos cuidadores no ambiente familiar.
O quadro clínico do autismo não é estático e alguns sintomas modificam-se com o tempo e outros podem amenizar ou desaparecer e novas características podem surgir com a evolução do indivíduo.
Os medicamentos continuam sendo importantes em um programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos autistas necessitarão deles. Medicamentos que atuam na dopamina e serotonina podem ajudar em alguns sintomas como redução de estereotipias, retraimento social e comportamento agressivo ou autoagressivo.

Autismo: como reconhecer os sintomas precoces?

O que é o autismo?
O autismo é uma síndrome comportamental que causa comprometimentos no relacionamento e interação com outras pessoas, na linguagem e apresenta comportamentos restritos e repetitivos.
Como é o comportamento do bebê ou da criança autista?
Abaixo estão exemplos do que pode acontecer ou não com um bebê ou uma criança autista. O diagnóstico só poderá ser determinado por um especialista.
  • A criança não se reconhece pelo nome. Os pais a chamam e ela não responde. Como ela é capaz de identificar outros sons, não se trata de um problema de surdez.
  • A criança prefere ficar sozinha. Quando deixada deitada no berço ela não reclama, parece preferir o berço ao colo dos pais.
  • A criança não fala, não olha e mostra certa apatia. Têm uma fisionomia pouco expressiva e não interage com outras crianças.
  • Crianças sem autismo geralmente imitam os adultos e querem todas as atenções voltadas para ela, já as crianças com sinais de autismo não acompanham os acontecimentos a sua volta.
  • Quando a mãe sai para trabalhar ou volta do trabalho, a criança não mostra interesse por ela.
  • Crianças de cerca de um ano com autismo vão de colo em colo e não estranham as pessoas, como seria esperado de uma criança nesta idade.
  • Durante a amamentação, a criança com autismo não interage com a mãe.
  • Os autistas muitas vezes separam os objetos por cor, tamanho, etc. mantendo comportamentos repetitivos e sem finalidade aparente.
  • A criança fica horas fazendo o mesmo movimento, com o mesmo objeto. No início pode parecer apenas ser uma criança tranquila, mas isso pode ser um dos sinais da doença. Um dos movimentos mais comuns é ficar rodando um objeto.
  • A criança pode apresentar movimentos corporais repetidos, como movimentos de balanço, às vezes, até de forma violenta.
  • A criança utiliza as pessoas como instrumento. Pega na mão do adulto e o leva até o lugar onde quer que ele faça algo que ela deseja, ao invés de pedir o que quer na forma de uma solicitação verbal.
Ainda não existe um exame complementar, laboratorial ou de imagens para diagnosticar o autismo infantil. Ele ainda é identificado através de exames clínicos.
Por que é importante saber reconhecer os sinais e sintomas precoces do autismo?
É fundamental que pessoas que trabalham e convivem com crianças saibam identificar sinais ou sintomas típicos de autismo em bebês ou crianças pequenas. Cerca de 60% das crianças com autismo apresentam sinais da doença ao nascer.
Uma vez identificado que o processo de desenvolvimento está alterado, a criança deve ser examinada por um especialista para que o diagnóstico seja feito e os tratamentos reconhecidamente eficazes sejam instituídos.
O diagnóstico precoce e a implantação correta dos tratamentos resultarão em significativa melhoria no desenvolvimento infantil e na qualidade de vida da criança e de seus familiares.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Jogo brasileiro ajuda na educação de crianças com autismo

O jogo é recomendado para crianças entre cinco e nove anos e está disponível no site www.jogoseducacionais.com
Foto: Jogos Educacionais/Reprodução

  Pais e educadores de crianças com autismo têm mais uma ferramenta a seu serviço. Um jogo criado por um mestre em ciências da computação pela PUC-RJ auxilia na alfabetização de estudantes nessa condição. Chamado Aiello, em
 homenagem a Santa Elena Aiello, a plataforma permite à criança associar nomes e imagens de objetos, ampliando seu vocabulário. "É um jogo simples que tem um personagem principal, um esquilo, que solicita uma palavra qualquer para a criança. Ele pede prato, então tem um prato lá e ela seleciona", explica o criador Rafael Cunha. Existe ainda a possibilidade de configurar o jogo para que, em vez de objetos, apareçam palavras, o que o faria útil também para auxiliar no aprendizado das palavras escritas.
O software foi criado por Rafael como parte da sua dissertação de mestrado, defendida em dezembro do ano passado. A novidade é que o programa, que estava disponível apenas para a realização da pesquisa, foi liberado para acesso do público geral e já conta com uma série de usuários.
A motivação para o desenvolvimento desse aplicativo veio da esposa de Rafael. Fonoaudióloga, ela estava atendendo uma criança com autismo que tinha dificuldade de socialização, mas se interessava muito por computadores. Logo, ele procurou uma maneira de usar o dispositivo para a alfabetização de crianças nessa condição.
Segundo o psicólogo especialista na área Robson Faggiani, o uso da informática pode ser de grande importância na educação de autistas, já que eles costumam gostar de mídias interativas, como vídeos e games. Faggiani acredita que, desde que usadas com moderação e como complemento ao ensino regular, essas ferramentas são muito úteis.
A professora do Departamento de Psicologia da PUC-RJ Carolina Lampreia auxiliou Cunha a entender as necessidades da criança com autismo. Ela realça que o método utilizado pelo jogo é interessante, pois trabalha de modo lúdico com o intuito de motivar a criança. Assim, ela se sente estimulada a seguir realizando as tarefas solicitadas. "O modelo que ele utilizou é muito interessante, chama-se escolha segundo a amostra. Você tem uma amostra e duas opções. Se escolhe a certa, a criança é recompensada de alguma forma, toca uma música ou o bonequinho se mexe", explica.
Outra vantagem apontada pelo psicólogo é que a maior parte desses programas de computador é desenvolvida em outros países, o que torna o uso por crianças brasileiras mais difícil. Faggiani elogia a iniciativa: "É bom que um brasileiro esteja fazendo isso em português. Sou completamente a favor do uso", diz.
O jogo é recomendado para crianças entre cinco e nove anos e está disponível no site www.jogoseducacionais.com, compatível com qualquer navegador de internet, tanto em dispositivos móveis quanto em computadores.


Fonte: Terra Noticias