quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quando a criança está na temida fase do não

A fase do não é um dos momentos mais importantes do desenvolvimento da criança, pois é com este ato que a criança demonstra estar preparada para colocar seus desejos, expectativas, sem se submeter ao que o outro lhe pede. É uma fase privilegiada, já que a criança demonstra estabelecer algumas restrições em suas relações.
O não começa a se esboçar quando a criança vira sua cabeça, negando o alimento que lhe é dado ou quando cerra a boca para receber a mamadeira. E ainda ao chorar para sair do banho. É um modo de dizer que não quer sempre a mesma coisa que o outro, de que não aceita tudo e que suporta frustrar este outro.
Este processo fica mais complexo até que chega a famosa fase do não, que coincide com o período em que a criança intensifica suas birras e passa a demonstrar sua agressividade com mais veemência. É importante lembrar que este período encontra correspondência com os “nãos” que também passam a ser colocados com mais frequência. Isso ocorre por volta dos dezoito meses e pode se estender até os 4 anos, pois é o período em que a criança adquire maior autonomia e não fica mais no colo, sendo “levada” o tempo todo. Ela começa a buscar um distanciamento, quer andar sozinha, segurar a colher por ela mesma, brincar...
Do ponto de vista psíquico, o fato de dizer não expressa que a criança não se encontra tão passiva. Quantas vezes vemos a cena de meninos e meninas que se gratificam simplesmente em ficar negando, balançando suas cabeças e sorrindo. Mesmo quando este não diga outra coisa.
Este gesto permite que a criança fique, de certa forma, no controle do que lhe acontece. Serve como um anteparo diante do controle que o outro pode exercer sobre ela, ou seja, este “não” intensifica o contato dela com as pessoas, já que com o não surge a questão seguinte que é o por que não.
É muito importante que os pais saibam que esta fase é primordial no processo de constituição da personalidade do filho e que o “não” pode significar muitas coisas. Em outra polaridade, seria muito preocupante a criança que só diz sim de modo incondicional. Então, por que não dizer não?

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